A construção de um ideal, a obra de Linhão de Tucuruí acontecerá

Mecias de Jesus*

 

A assinatura do documento de compensação ambiental e financeira aos indígenas, destinando até R$ 90 milhões às comunidades Waimiri-Atroari, vem coroar a luta iniciada há anos, cujo objetivo é integrar o estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Há de se aplaudir o engajamento do presidente Jair Bolsonaro, cujo pessoal empenho nos leva à possibilidade de concretização do maior anseio roraimense.

A Associação Comunidade Waimiri-Atroari, afirmou que já foi dado o “aceite” pelos indígenas à contraproposta do governo. O próximo passo será “a redução a termo” de tudo que foi assumido, bem como o “compromisso de cumprimento da integralidade das condicionantes apresentadas pelos silvícolas” Feito isso, o Linhão de Tucuruí terá suas obras iniciadas imediatamente.

Ao assumir o mandato como senador, tomei como foco principal a solução do problema energético roraimense. Tenho lutado com todas as minhas forças para que resolvamos a pendência em definitivo. Para isso, apresentei emenda que foi aprovada na Lei 14.182/2021, determinando a continuidade das obras de infraestrutura destinadas à geração de energia elétrica do Linhão de Tucuruí.

A minha emenda diz ainda que cabe à União promover a interligação de sistemas isolados dos estados ao Sistema Interligado Nacional. Estamos vencendo os obstáculos e damos passos cada vez maiores em direção à realização de nossos propósitos. Nesse sentido, a assinatura do documento de compensação financeira aos indígenas, ocorrida na Presidência da República, conclui mais uma etapa para o início das obras.

As dificuldades ao longo de todo o processo valorizam os nossos esforços. Temos de encará-las como estímulo à nossa determinação. Por isso, sei que a emenda que apresentei foi fundamental para chegarmos até aqui, o que fez com que a assinatura do decreto presidencial de compensação ambiental, ocorresse na última terça-feira, 3 de maio.

Desde a criação de nosso estado, com a Constituição de 1988, o desenvolvimento econômico tem sido travado por conta do absoluto isolamento energético a que nos vemos submetidos. A total dependência de usinas termelétricas causa impacto absurdo na nossa atividade econômica, levando-se em conta o custo médio de cerca de R$ 1 mil por megawatt/hora.

Em 1995, o então presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um conjunto de acordos com o presidente da Venezuela, Rafael Caldera, para promover a integração regional entre os dois países no âmbito do Mercosul. No entendimento, a construção de linha de transmissão oriunda do complexo hidrelétrico de Guri, situado no rio Caroni, ao sul do vizinho país, deveria alcançar Boa Vista, a capital do estado roraimense.

Já durante a construção da linha de transmissão vinda de Guri aconteceram inúmeros incidentes. Como, por exemplo, a derrubada de várias torres de energia pelos índios do lado venezuelano. No lado brasileiro, a Eletronorte teve de assinar acordo com os índios de São Marcos, em abril de 1998.

Acompanhei de perto os problemas surgidos com essa questão. Vi o sonho da energia de Guri desmoronar, em especial depois da mudança de regime político na Venezuela, quando a leva de refugiados do vizinho país anunciou a derrocada. Presenciei, na condição de presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, os esforços do então governador Ottomar de Sousa Pinto, ao construir a hidrelétrica de Jatapu.

Não há dúvidas para nós roraimenses que o Linhão de Tucuruí é o melhor caminho para trazer segurança e qualidade energética para Roraima. Continuamos nossa luta, seguindo o indispensável trâmite. Ele será concluído com a chegada da energia elétrica que os roraimenses sonham.

*Mecias de Jesus é senador de Roraima pelo estado de Roraima.